Há uns meses atrás quando pensei ansiosa sobre como seria a minha experiência Erasmus nunca imaginei que pudesse viajar tanto e que fizesse amizades tão boas como as que tenho feito portanto neste momento sinto-me a filha da mãe mais sortuda de sempre e apetece-me tanto mostrar-te tudo - mas nunca vou conseguir mostrar-te tudo, entendes?, nem a ti nem a ninguém porque há coisas que têm de ser cheiradas tocadas sentidas na pele. 
A ida a Veneza foi das viagens mais divertidas que fiz, apanhámos o comboio eram quatro da manhã, um frio de morte e passos longos em noite cerrada de mochila às costas e botas quentes. Dormimos durante o caminho, três horas de viagem, expectativas demasiado altas e lembro-me tão bem do momento em que saímos da estação que quase jurava que parecíamos umas crianças a olhar à nossa volta. Desci uma escadas longas e olhei incrédula para Veneza, tu estás mesmo aqui sua sortuda do caralho, portanto vais-te lembrar disto da próxima vez que te quiseres queixar de alguma coisa e lá entrámos num barco, radiantes e de bilhete de 12 horas na mão. Veneza sempre foi uma cidade que imaginei na minha cabeça vezes e vezes sem conta e não o digo por ter estado lá - olha que fui a Siena e nunca pensei muita nela - mas é tudo demasiado bonito para conseguires sequer imaginar. Gôndulas passeiam lentamente sob a água com famílias de ar feliz - eu acho que quem tem dinheiro para andar de gôndula só pode ter ar feliz - as estradas (podemos chamar estradas?) são feitas através de luzes na água e pensei por momentos que se vivesse em Veneza tinha de perder o amor à roupa para a meter a secar no estendal. E também não tinha de tirar a carta de condução! Ah, e se houvesse greve de transportes não podia ir a pé...e enfim pensei em mais umas coisas que não interessam para aqui. 
Fomos à Praça de São Marcos que actualmente é dominada por uma população de pombos famintos; vimos o Palácio Ducal, a Basílica de São Marcos; subimos à famosa Ponte de Rialto que é também a mais antiga do Canal de Veneza e fomos a uma outra ponte chamada Ponte dos Suspiros e que tem uma história curiosa visto que a dita cuja tem ligação às Prigioni Novi (que é como quem diz, uma prisão) e diz-se que os prisioneiros ao passarem pela Ponte suspiravam de tristeza visto que seria a última vez que viam o mundo exterior. E olha, ficou a Ponte dos Suspiros! Giro, não é? Para nós, portanto, para os prisioneiros não deve ter sido muito giro.
E pois que o dia se passou com mil e oitenta e quatro fotografias na máquina e um comboio de regresso às três da manhã. Cheguei a Florença eram seis e qualquer coisa desejosa de meter o corpinho dentro dos lençóis polares, gelada e com uma sandes de panado às voltas no estômago... mas feliz como o caraças!